Negociação Salarial segue travada e cada vez mais intransigente

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A terceira rodada da negociação salarial terminou praticamente igual a segunda: escolas se negam a ceder nas propostas. No encontro do dia 20 de março participaram os seis sindicatos dos trabalhadores (Sinpronorte representado pelo presidente, Milton Zanotto) e a entidade de representação das escolas particulares (Sinepe). Em meio à intransigência e provocações, a decisão dos sindicatos foi a de voltar para as bases e conversar sobre as respostas do Sinepe às reivindicações dos trabalhadores.

A entidade patronal não deixa de expressar os sinais de que a educação virou mercadoria. Nesta terceira rodada a afirmação é de que a convenção coletiva de trabalho (CCT) atrapalha as escolas. “A manutenção da atual CCT já é a manutenção de muitos avanços, mas que dificultam a vida dos empresários”, afirmou Marcelo Batista de Sousa, presidente do Sinepe. Nas rodadas anteriores afirmou-se que enquanto tiver profissionais procurando vagas pelo salário oferecido, é sinal de que o valor é o suficiente.

Na segunda rodada, o Sinepe se comprometeu em analisar cinco pontos específicos. As respostas são sérias afrontas aos direitos dos trabalhadores.

– Reajuste salarial com ganho real (Inflação fechou em 7,68%):
Sinepe quer que reajuste seja de apenas 7,68%, mas com uma “válvula de escape”. A proposta consiste em permitir reajuste abaixo da inflação caso a escola comprove incapacidade financeira. Segundo a entidade, muitas escolas teriam dificuldade de aplicar reajuste com ganho real. Por outro lado, o aumento médio das mensalidades foi de 9,3%.

– 1/3 de Hora atividade:
O Sinepe faz uma interpretação completamente equivocada da hora/aula para justificar que as escolas já pagariam a hora atividade. Segundo eles, como a hora/aula tem 50 minutos, os outros 10 minutos já seriam pagos para realização de tarefas extraclasse.

– Isonomia salarial dos pisos do ensino infantil e fundamental:
Não houve nem uma contraproposta para este ponto. A resposta do Sinepe foi simplesmente não. O que se pede é a equiparação dos valores dos pisos para estas duas faixas salariais. Atualmente, professores da educação infantil e fundamental 1 (1º ao 5º ano) têm piso de R$ 6,08 enquanto do ensino fundamental 2 é de R$ 8,75 (6º ao 9º ano).

– Piso salarial dos administrativos:
A reivindicação dos sindicatos é de pisos diferenciados: R$ 1.300,00 para escritórios; R$ 1.150,00 para demais funções. O Sinepe propôs igualar o piso ao valor do salário mínimo estadual, reajustado em janeiro em R$ 1.042,00 (reajuste de 8,88%). Atualmente, o piso para administrativos está em R$ 960,00. O Sinepe segue a seguinte conta: R$ 960,00 mais 8,88% é igual a R$ 1.045,25. O valor é próximo, mas eles ignoram que o salário mínimo estadual foi negociado com a referência de 1º de janeiro, ou seja, está defasado em dois meses. Os índices INPC de janeiro e fevereiro fecharam, respectivamente, 1,48% e 1,16%. O valor correto deveria ser R$ 1.073,02.

– Reajuste do piso do Ensino Superior:
Este foi o único ponto que avançou. O Sinepe propôs reajuste em 10%. O piso vigente é de R$ 19,60. Com os 10% ficaria em R$ 21,56. O avanço neste item só ocorre por interesse das escolas filiadas ao Sinepe. Um piso salarial valorizado dificulta o surgimento de novas escolas de ensino superior que praticam mensalidade muito abaixo do mercado.

Outros itens reivindicados pelos sindicatos não entraram nem em pauta na última reunião. Falta avançar a negociação em itens como vale alimentação, ampliação das bolsas de estudo, adicional de aprimoramento acadêmico, ampliação da licença maternidade.

  1. Fabricio

    Milton e Lourivaldo, gostei do novo informativo, bastante agil e de fácil visualização, redação limpa e inteligente, parabéns, mais uma conquista dos trabalhadores.

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